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quinta-feira, 31 de março de 2011

Capitulo 1 - Pessoas inferiores, palavras superiores

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 20:49 0 sugestoes
As vezes na vida acontecem coisas tao inesplicaveis que ate eh dificil contar. Foi numa dessas que minha vida mudou radicalmente.
Algo me levava ao supermercado, naum sei exatamente porque, mas estava certa de algo estava pra acontecer.
Meu nome eh Juscelina Silva. Silva como sempre. Juscelina como nunca.
Tinha dois empregos naquela epoca. Era professora de fisica em uma faculdade cara e contalibista em uma loja de joais.
Meu tempo era pouco e dividido entre meus filhos e os trabalhos. Dar aula de manha, estar com meus filhos no almoco, levar meus filhos pra escola, trabalhar na contabilidade, buscar meus filhos e fazer minha faculdade de administracao uma vez por semana. Nos outros dias da semana, a noite era o unico tempo com meus filhos. dividia esse tempo entre ajudar nas tarefas, perguntar pelo dia deles e estudar a biblia.
Como toda mae solteira, contava com um pai ausente. meus filhos quase o tempo todo ficavam na minha mae, quando naum estavam na escola.
O supermercado estava mais lotado que nunca. As pessoas batiam umas nas outras e mal tinham tempo pra se desculpar. Seu tempo precioso era usado para comprar o que precisavam e sair. Comigo era diferente. Eu naum precisava de nada. Em minha cabeca sempre lotada de coisas, agora so tinha imagens de pao e leite.
Naum que estivesse com fome, mas alguma coisa me fazia pensar nessas coisas. Passei pela padaria e comprei os paes. Na sessao de congelados, coloquei uma caixa de leites no carrinho. Ainda seguindo o quer que fosse, coloquei queijo, presunto e uma bandeja de iorgute.
Naum fazia a minima ideia do porque.
Sai de la sem saber o que fazer com aquilo tudo.
Andei pela avenida movimentada e algo me disse pra virar em uma rua deserta. Tremi. Gelei. Mas ainda sim, obedeci.
Derrepente, algo me fez parar. Olhei na direcao da janela e vi uma menina pequena, cerca de cinco ou seis anos, brincando na terra em frente a uma casa de madeira mal construida.
Sorri pra menina, que devolveu o sorriso, envergonhada. Levantou do chao, mostrando o corpo e o magricelo e o rosto abatido.
Abri a porta do carro e parei em frente a menina. seus cabelos emaranhados tapavam o rosto assustado.
- Ta bem, pequena? - perguntei quando percebi que ela se afastava de mim.
- To com fome - falou com a voz fraca e fininha, perdendo aos poucos o medo de se aproximar de mim.
- Onde esta sua mae? - perguntei, abaixando pra ficar na altura da crianca.
- Atras de voce - falou uma menina de cerca de uns dezoito anos, alta e esbelta.
- Voce eh mae dela? - perguntei quando vi a pouca idade da moca em minha frente.
- Sim - respondeu, aos poucos mostrando o encanto nos olhos baixos - Ganhei Emily aos treze anos, quando ainda era uma crianca de rua. Com umas madeiras velhas, consegui construir essa casa em um terreno vazio. Mas naum tive dinheiro nem mesmo pra uma cadeira.
Espiei por tras da moca. A casa, uma peca do tamanho do meu banheiro. Apenas o vazio.
- Naum tem nada dentro de casa? - perguntei com medo de abrir a boca de espanto - Nem comida?
- Ha tres dias naum entra comida nessa casa. A ultima coisa ganhei de uma senhora amiga. Apenas pao. Sinto falta de algo pra colocar nele. E Emily sente falta de leite, claro.
Foi nesse momento que lembrei do que tinha comrprado. Pedi a Luciane, a moca mae de Emily, que aguardasse. Abri a porta do Santana (pela primeira vez senti vergonha do meu carro, pois com ele me sentia superior aos outros, mas agora percebia que era apenas mais uma criatura de Deus), tirei a caixa de leite, as misturas e os paes. Deixei com elas tambem, meu conjunto de louca que ganhara nos dias da mae passado.
Mas algo mais do que solidariedade mudaria em minha vida agora.
 

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