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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

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Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 11:07 0 sugestoes
Aquele dia, andava os meus sete minutos até a escola com Luany e Gabrielly, minhas melhores amigas. Nós éramos o que você chamaria de "populares", e tínhamos todos os garotos aos nossos pés.
Bem, aos MEUS pés, na verdade.
De dez em dez segundos, eu olhava pra trás, em busca daquele que me chamava a atenção de todos os garotos da escola.
O nome dele era Danilo Hoffman.
O garoto mais rico da cidade.
- Jusci, você tá bem? - perguntou Gabi, estranhando meu comportamento - Parece tensa.
Elas não sabiam de Danilo. Alias, ninguém sabia.
- Ele tá chamando você - afirmou Lu, surpresa.
Ela também gostava dele. Mas nós sabíamos. E tinha aquela regra idiota das meninas de não se apaixonar pelo garoto que a outra gostava.
Por esse motivo, não falei nada sobre a paixão por ele.
- Vai lá - falou Lu - Eu autorizo, é sério.
Claro, e amanhã ela não olharia mais pra mim.
Segui a passos firmes e um sorriso no rosto.
Ele pegou minha mão, carinhosamente. Há quase um mês estávamos juntos as escondidas, totalmente apaixonados, e tínhamos prometido não revelar a nossos amigos.
Mas parece que ele estava mudando as regras.
- Sei que é seu aniversário hoje - ele mantinha a pose de sempre, de mãos nos bolsos, braços esticados e olhos desviados de mim - Gostaria de ir a algum lugar comigo?
Na verdade, eu nem lembrava que era meu aniversário. Minha família não comemorava essas coisas, mas o fato é que pela minha identidade, hoje faria quinze anos.
- Eu não sei mesmo - falei - Eu saio muito tarde da escola e...
- Jusci - ele me interrompeu - Tô falando de sair comigo, agora!
Respirei fundo e pensei nas possibilidades. Faltar a aula pra sair com Danilo. Arriscado, perigoso e pavoroso até.
Por que não?!
- Aonde vamos? - perguntei com um sorriso, oferecendo levemente minha mão a ele, que a segurou e sorriu.
- Você escolhe - ele disse, enquanto caminhávamos de mãos dadas na direção contrária a escola - Por favor.
Pensei por uns minutos, antes de suspirar.
- Eu não sei - falei - Escolhe você.
Ele riu, uma risadinha meio maliciosa. Eu o olhei como quem olha um assassino a sangue frio, ele deu um sorriso zombeteiro e eu ri.
- Nunca diga isso a um homem - ele falou como se falasse a uma filha adolescente - Ele sempre vai levar pra outro lado, por mais novo que seja.
Olhei pra ele com uma careta, fingindo não ter entendido a indireta "sem-vergonha" que ele usara com uma menina "inocente" como eu.
- Tudo bem, vamos assistir um filme, então - falei, dando de ombros.
Ele soltou uma gargalhada contagiante e eu ri.
- O que foi? - perguntei.
Ele me olhou, a testa enrugada.
- Você é a pessoa mais inocente que eu já conheci.
Eu ri, mas não entendi o que ele quis dizer. Dei de ombros. Ele sorriu.
- Creio que ainda não conhece minha casa - falou - Tenho uma TV na sala grande que dá pra olhar um bom filme.
- Legal - falei, empolgada - Podemos alugar um?
Ele riu.
- Claro que podemos.
Entramos na locadora de vídeo na entrada da cidade, onde ficava o bairro nobre. Casas enormes estavam em nossa volta. A minha casa, uma de três andares cor-de-terra com o anúncio do consultório dos meus pais, ficava na esquina.
A casa dele, uma mansão branca de cinco andares, ocupava quase o quarteirão inteiro. A famosa casa do prefeito era a moradia do casal prefeito/primeira-dama, além de seus três filhos: Danilo, com dezesseis anos; Luan, dezoito e o pequeno Marcelo, de catorze. Os três estudavam na minha escola e sempre aprontavam as piores coisas - de fumar escondido a coisas bem mais sérias.
- Seja bem-vinda - falou, abrindo a porta pra mim - É o que temos pra hoje - e riu.
Entrei numa sala do tamanho de um salão de festas, com quatro sofás de três lugares e duas poltronas nos cantos, formando uma meia-lua.
- Lindo - falei, sorrindo pra ele - Vem, senta aí.
Fui colocar a fita VHS no lugar, enquanto ele buscava bolo e refrigerante na cozinha. Quando sentamos os dois no sofá, o filme começava - escolhi um romance, em que os dois principais se perdiam em uma ilha com uma menininha.
O filme era lindo.
Apoiei a cabeça no colo dele, e deixei que ele acariciasse meu cabelo loiro liso e minhas orelhas geladas.
De repente, nossos olhares se encontraram e eu sorri. Ele aproximou levemente os lábios dos meus e nos beijamos, apaixonadamente.
E em minutos, estávamos abraçados, aos amassos. E eu deixei que ele fizesse o que tanto queria.
 

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