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Bem vindos e boa leitura!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Capitulo 5 - Três verões e o corpo perfeito

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 23:57 0 sugestoes
Lohana correu o mais rápido que pode cada metro que faltava. Lágrimas escorriam dos seus olhos cor de oliva, enquanto respirava rápido demais, sentindo o coração bater mais rápido. Viu o almoço pronto no fogão e passou reto. Seu corpo cansado queria mais que comida. Queria saber porque aquilo estava acontencendo.
Sentou no chão, com a perna em cruz, e o violão recostado no colo. O caderno na mão. Lohana nunca teve diários, mas gostava de compor pra desabafar. Aquele caderno, que normalmente tinha as folhas arrancadas e jogadas no lixo, já tinha descoberto coisas que nem Emily sabia.
Eu quero morrer. Nada mais, nesse momento importa. Como ele pode falar daquele jeito comigo?E porque ele e o Douglas estão fazendo isso, assim, como se minha mãe não se importasse?Garotos idiotas, quem se importa com essas coisas?Eu odeio esses garotos, odeio.
Pés faziam barulhos na escada, quando Lohana arrancou a página e jogou no lixo. Os olhos de Emily bateram no papel amassado, logo que ele caiu das mãos da garota à sua frente.
- Você tá bem, Lo? - disse sem tirar os olhos da lata de lixo - Parece estranha, aconteceu alguma coisa?
Lohana mantinha os olhos baixos, as mãos estrelaçadas pareciam interessar mais que qualquer coisa. Uma incapacidade de levantar os olhos. Olhos cheios d'agua.
- Meu irmão, Emily - a voz chorosa doía no coração de Emily - E o amigo idiota dele.
- O que foi que aconteceu? - os olhos nem piscavam - Algo muito grave?
Lohana balançou a cabeça. Não queria compartilhar aquilo.
- Apenas ideias malucas.
- Por favor, me fala, eu sou sua melhor amiga.
Lohana suspirou e riu.
- Por favor, não insisti. Se um dia eu contar pra alguém, você vai ser a primeira a saber.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 00:24 0 sugestoes
E foi assim que Emily resolveu ir atras de seu sonho. Se pra isso tinha de fugir de casa, só para assistir uma apresentação de balé de Londres e "sem querer" dar uns passos enquanto assistia, era isso que faria.
Saiu com calça jeans e sapatilha de ponta pro teatro Municipal. O terreno vazio do lado dele chamou a atenção dela pra uma turma de meninos reunidos. Entre eles estava Douglas e Everton.
Seus pensamentos foram para o obvio: precisava descobrir o que é que aquela turma de garotos fazia todas as noites.
Desistiu do balé e se escondeu no meio da grama alta do terreno. Se um deles a visse, estava apenas tentando entrar escondida no teatro.
- Nem pensar, cara - disse Douglas num tom de voz autoritário a Everton - Se você vai fazer isso, entrega logo os pacotes que tô com pressa. O dinheiro já tá na tua mão e eu preciso fazer isso pra me sentir melhor.
O coração de adolescente de Emily acelerou. Nõa sabia o que pensar nem o que fazer. Ficar ou correr?
Olhou pra fora da reunião de garotos e viu que Lohana, com seus cabelos loiros ondulados por um babyliss bem feito e maquiagem que destaca seus olhos cor de oliva.
Emily levantou uma das sobrancelhas, curiosa. O que é que a melhor amiga fazia ali?
Um calafrio percorreu o corpo de Emily. Viu Lohana entrar no grupo, e conversar alguma coisa. Cinco minutos depois, saiu mexendo os braços e gritando com o garoto que mais amava na vida.
- Eu odeio você!Como você pode fazer isso comigo, idiota?!
Pronto, pra Emily, o caso estava resolvido. Douglas e Everton usavam drogas.
E ela ia impedir isso.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Capitulp 4 - Um encontro às escuras

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 22:22 0 sugestoes
Se Lohana tinha problemas, um deles era Everton, garoto metido a pegador. Adorava se gabar, e tinha um forte cheiro de cigarro e cerveja. Suas companhias diárias eram Douglas e outros sete garotos parecidos. Garotos que queriam chamar a atenção e esquecer os problemas, que nós pais, causamos.
Os sonhos de Emily eram maiores que apenas um garoto. Sonhava com o balé no Teatro de Londres, com a glória que só uma bailarina famosa podia querer. Mas, apesar disso, tinha uma paixão secreta por Douglas. Eu fingia não perceber, mas não sei se a mãe dela ou Lohana sabiam de alguma coisa.
Eu atendi o telefone, no dia em que o maior sonho de Emily se realizou.
- É o Everton - disse a voz do outro lado - Será que posso falar com Lohana?
Não, não pode, seu drogado nogento e aproveitador de meninas. Eu teria respondido assim, se falasse o que estava pensando. Mas eu queria só que Lohana fosse feliz, e isso só tinha um jeito.
- Filha, telefone pra você. É o garoto da rua de tras.
Vi um sorriso timido e um brilho nos olhos dela. Um pulo da cadeira e um aperto firme no telefone.
O passo errado estava dado. Dez minutos depois, recebi um abraço da minha filha, que não recebia a muito tempo.
- Ele quer me ver, mãe, hoje à noite!
Como podia eu impedi-la depois disso?

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Capitulo 3 - Tristes bailarinas - Parte III

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 21:40 0 sugestoes
E eu no meio de tudo isso, nada sabia. Nem mesmo que minha filha, criada tão cheia de regalias e mimos, se tornasse uma adoelscente infeliz porque lhe faltava atenção. Se soubesse disso, com certeza teria largado os dois empregos pra dar o que ela realmente precisava.
Emily me parecia a garota mais feliz do mundo. Sorria em todos os momentos, vivia a dançar e a cantar, sonhava alto e gostava de ouvir as pessoas.
Seu problema era o sonho maior, que tivera desde pouca idade, em se tornar bailarina. Se eu soubesse disso, desde inicio teria ajudado minha filha de coração a tornar seu sonho realidade., nem que pra isso tivesse que tirar todos os mimos de Lohana.
Nesse mesmo dia, quando busquei as duas no balé da escola, senti uma triste rivalidade entre as duas, como se não estivessem totalmente confidentes.
Eu podia ter chamado cada uma, pra que me falassem os seus problemas, mas não tinha tempo. Precisava planejar com Luciane, nosso novo projeto.
Minha clinica de pscicologia.
Minhas habilidades em contabilidade e física, nada combinavam com meu sonho de ser pscicologa.
Tinha me formado nessa profissão havia algum tempo, e achava que tinha o talento de "abrir" as pessoas.
Mal sabia eu que não percebia duas formas de depressão dentro de casa.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Capitulo 3 - Tristes bailarinas - Parte II

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 21:08 0 sugestoes
Emily chegara na aula de balé desmotivada. Sabia que seu talento era esse, e que era a melhor da turma naquela aula.
Seus pensamentos, porém, não era positivos.
Fui criada pelos favores de dona Ju. Não que eu não deva muito a ela. Se não fosse por ela, ainda estariámos morando naquela casa minuscula. Ou mortas. Mas eu não entendo porque Lohana tem tudo e eu não. Será que Deus não me ama?Será que não me abençoa?
- O equilibrio é fundamental sem se apoiar nas amigas, meninas - disse a professora - Amizade é pra nos apoiar nos passos dificeis e não pra nos compararmos a elas!
Sei disso, Senhor. Continuou Emily, em seu desabafo - Penso que meus sonhos são altos demais pra uma garota pobre. Sonho em ser bailarina famosa e profissional, dançando nos mais belos espetaculos de Paris. Mas são sonhos impossíveis pra uma garota como eu. Lohana não tem meu talento mas tem muito mais chances.
Assim que levantou a perna, segurando ao lado da cabeça, as lagrimas rolaram pela face morena.
Percebeu o olhar de Lohana, e limpou as lagrimas com as costas da mão.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Capitulo 3 - Tristes bailarinas

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 14:51 0 sugestoes
Pássaros cantavam na janela, equilibrando-se em galhos de uma arvóre "careca", pois era outono e as folhas secas queriam as calçadas das ruas.
No coração da menina que observava, o sentimento de vazio. Lohana sentira falta de um pai a infância toda e eu, como mãe, pouco tempo dediquei a ela. 
A professora de balé gritava passos em frânces, que ela reproduzia, equilibrando-se. Ao mesmo tempo, falava com Deus em pensamento, apoiando-se na barra e olhando os pássaros lá fora.
Como os pássaros lá fora e o balé aqui dentro, queria estar equilibrada emocionalmente também. Tinha tudo pra ser tão feliz. Não entendo porque não sou. Não estou satisfeita com meu corpo, com minha vida, com minhas notas e com meus amigos. Minhas roupas não me agradam e parece que tudo fica melhor em Emily. Porque, meu Deus?Porque me sinto assim, se somos amigas?Se servimos a ti tão fielmente como sempre foi?
- O equilibrio é fundamental sem se apoiar nas amigas, pessoal - disse a professora Charlotte, referindo-se a três garotas novatas no canto oposto de Lohana - Amizade é bom pra se apoiar nos passos difíceis, sim, mas não devemos depender delas e nem compararmos uma a outra!
Sim, eu sei. Continuou a garota em sua oração pessoal. O Senhor usa aqueles que não creem em Ti para ouvirmos a sua voz. E eu sei que amizades são para nos guiar nas dificuldades. Mas as vezes minha mãe trata ela melhor que eu.
E levantando no alto a perna esquerda, segurando no alto, como a professora mandara. E foi então que olhou na direção de Emily, que na mesma posição, chorava.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Capitulo 2 - Familia Silva/Santos

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 20:56 0 sugestoes
E foi por causa daquele momento, há anos atras, que hoje estava ali, almoçando com a melhor amiga Luciane, e a filha dela, Emily.
Mas o tempo nada diz sobre essa história. Alguns dias depois do convite, consegui um emprego de vendedora pra Luciane na loja de jóias. Desde então, nos tornamos amigas inseparáveis.
Luciane melhorou de vida e alugou uma casa em frente a minha. Apesar disso, não deixou de fazer as refeições na minha casa. Me ajudava com as compras, apesar da minha negação.
Emily tinha se tornado uma linda moça. Sua mãe não estava bem o suficiente pra lhe dar roupas caras. Lohana, porém, lhe emprestava roupas lindas, que ficavam muito melhor em Emily do que em minha filha. Tinha cabelos castanhos sedosos e muito cacheados, tinha altura e era magra. Seus seios tinham crescido bastante nos ultimos meses. Estava sempre maquiada e seus olhos pretos, mantinham um brilho carinhoso quando olhavam pra mim.
Minha filha Lohana tinha a mesma idade de Emily. Se tornaram inseparáveis desde que entraram na adolescência. Lohana era loira, e tinha um rosto lindo. Invejava, porém, o corpo de Emily. Não era gorda, porém se tornava quando se aproximava da melhor amiga. Seu corpo parecia não ter nenhuma curva e isso irritava tanto minha filha quanto irritava Emily ver Lohana se comparando a ela.
- Sinto falta do meu irmão no almoço - disse Lohana com a mão em concha em frente a boca cheia, o que me fez torcer o labio - Onde ele anda?
Baixei os olhos sem coragem de responder. A verdade é que não sabia ao certo, mas Douglas andava com companhias que realmente não me agradavam.
- Provavelmente no Everton - respondeu Emily, como se soubesse da vida do meu filho (e na verdade sabia) - Sempre está lá.
Everton era o garoto mais insolente do bairro. Gostava de desafiar crianças e adultos e andava cada dia com uma garota diferente. Era o melhor amigo de Douglas e Lohana era apaixonada por ele.
E eu morria de medo disso.
Douglas se tornara um garoto de 18 anos, desejado por todas as garotas, inclusive Emily. Seus olhos verdes e cabelos castanhos com luzes loiras escuras encantavam qualquer uma. Mantinha um sorriso bonito e era um bom garotom apesar das companhias. Nunca tinha namorado, vivia fazendo exercicios e seu hobby era tocar violão.
Tinha as caracteristicas de um garoto perfeito.
- Me irrita só de pensar no que ele pensa de mim - disse Lohana a respeito do garoto que Emily falara - deve me achar uma gorda perto de você.
Destacou tanto a palavra você, que Emily levantou os olhos da comida, fuzilando minha filha com os olhos brilhantes.
- Sim, claro, uma garota linda como você, é bem capaz de ele trocar a princesa pela empregada.
Eu e Luciane trocamos olhares. Emily nunca quis estar no lugar de Lohana, apesar de quase sempre colocar sua situação financeira na frente de tudo.
Sempre paguei os estudos de Emily e nunca vou cobrar isso dela. Ela e Lohana são tratadas por mim da mesma maneira. No fim do ano, as duas fariam quinze anos e a festa seria compartilhada, como sempre foi com todas as coisas.
A escola em que estudavam era cara e ensinava muito mais do que necessitava. Faziam balé, capoeira, latim, redação e cálculo no horário inverso. Emily adorava balé. Lohana adorava cálculo.
Uma coisa que esqueci de comentar. Lohana era dedicada aos estudos e comportada por usar Emily como espelho. Emily era um pouco menos estudiosa, mas amava dança e seus valores estavam ligados a Deus. O que Ele apoiava, ela fazia.
- Vocês duas têm três minutos. Largo as duas no balé e iremos pra loja.
Lohana já largara o prato antes que eu terminasse de falar. Emily sorriu e levantou com a graciosidade de uma bailarina.
Os olhos de Lohana seguiram a amiga e depois levantou da mesa, levando junto, sem querer, o copo que usara, quebrando-o em mil pedaços. 
Todos viraram e ninguém quis falar alguma coisa. Ela apenas virou as costas e deixou onde estava.
Pobre Lohana!Cansara de ser a feia desastrada da família.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mais que solidariedade

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 13:51 0 sugestoes
Era uma mulher bem sucedida. Tinha bons filhos, um bom carater, uma boa casa, fazia doacoes a fundacoes de caridade. Mas nunca tinha visto nada disso tao perto de mim.
Criada em uma família Testemunha de Jeová, seguia a risca todas as regras da religião. Apesar de ter engravidado aos catorze anos, naum deixei isso abalar a minha vida e meus estudos. Tanto eh, que aos vinte e quatro anos que tinha, jah tinha terminado meu mestrado com a ajuda enorme da minha mae (Deus a abencoe!).
Meus filhos e eu estudavamos a biblia quase todos os dias. E apesar disso, sentia um vazio tao grande que apesar de tudo, a felicidade que sentia (ou achava que sentia) era tao falsa quanto nota de trinta reais.
E apesar de tao "superior" que me sentia, aquela menina pobre foi que me ensinou o verdadeiro sentido da minha existencia.
- Deus esta tao perto, nao eh?A gente deixa ele tao longe. Pedi a ele pao para que naum visse Emily morrer, e Ele me mandou mais do que eu precisava.
As palavras eram simples e talvez eu jah soubesse disso. Mas ouvir isso da boca de uma pessoa que tinha tudo pra naum crer em Deus, ainda mais confiar nele!
Foi isso que me encorajou pra dizer as proximas palavras.
- Pois Deus vai fazer ainda mais. Voces estao convidados pra fazer todas as refeicoes a partir de amanha, na minha casa.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Capitulo 1 - Pessoas inferiores, palavras superiores

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 20:49 0 sugestoes
As vezes na vida acontecem coisas tao inesplicaveis que ate eh dificil contar. Foi numa dessas que minha vida mudou radicalmente.
Algo me levava ao supermercado, naum sei exatamente porque, mas estava certa de algo estava pra acontecer.
Meu nome eh Juscelina Silva. Silva como sempre. Juscelina como nunca.
Tinha dois empregos naquela epoca. Era professora de fisica em uma faculdade cara e contalibista em uma loja de joais.
Meu tempo era pouco e dividido entre meus filhos e os trabalhos. Dar aula de manha, estar com meus filhos no almoco, levar meus filhos pra escola, trabalhar na contabilidade, buscar meus filhos e fazer minha faculdade de administracao uma vez por semana. Nos outros dias da semana, a noite era o unico tempo com meus filhos. dividia esse tempo entre ajudar nas tarefas, perguntar pelo dia deles e estudar a biblia.
Como toda mae solteira, contava com um pai ausente. meus filhos quase o tempo todo ficavam na minha mae, quando naum estavam na escola.
O supermercado estava mais lotado que nunca. As pessoas batiam umas nas outras e mal tinham tempo pra se desculpar. Seu tempo precioso era usado para comprar o que precisavam e sair. Comigo era diferente. Eu naum precisava de nada. Em minha cabeca sempre lotada de coisas, agora so tinha imagens de pao e leite.
Naum que estivesse com fome, mas alguma coisa me fazia pensar nessas coisas. Passei pela padaria e comprei os paes. Na sessao de congelados, coloquei uma caixa de leites no carrinho. Ainda seguindo o quer que fosse, coloquei queijo, presunto e uma bandeja de iorgute.
Naum fazia a minima ideia do porque.
Sai de la sem saber o que fazer com aquilo tudo.
Andei pela avenida movimentada e algo me disse pra virar em uma rua deserta. Tremi. Gelei. Mas ainda sim, obedeci.
Derrepente, algo me fez parar. Olhei na direcao da janela e vi uma menina pequena, cerca de cinco ou seis anos, brincando na terra em frente a uma casa de madeira mal construida.
Sorri pra menina, que devolveu o sorriso, envergonhada. Levantou do chao, mostrando o corpo e o magricelo e o rosto abatido.
Abri a porta do carro e parei em frente a menina. seus cabelos emaranhados tapavam o rosto assustado.
- Ta bem, pequena? - perguntei quando percebi que ela se afastava de mim.
- To com fome - falou com a voz fraca e fininha, perdendo aos poucos o medo de se aproximar de mim.
- Onde esta sua mae? - perguntei, abaixando pra ficar na altura da crianca.
- Atras de voce - falou uma menina de cerca de uns dezoito anos, alta e esbelta.
- Voce eh mae dela? - perguntei quando vi a pouca idade da moca em minha frente.
- Sim - respondeu, aos poucos mostrando o encanto nos olhos baixos - Ganhei Emily aos treze anos, quando ainda era uma crianca de rua. Com umas madeiras velhas, consegui construir essa casa em um terreno vazio. Mas naum tive dinheiro nem mesmo pra uma cadeira.
Espiei por tras da moca. A casa, uma peca do tamanho do meu banheiro. Apenas o vazio.
- Naum tem nada dentro de casa? - perguntei com medo de abrir a boca de espanto - Nem comida?
- Ha tres dias naum entra comida nessa casa. A ultima coisa ganhei de uma senhora amiga. Apenas pao. Sinto falta de algo pra colocar nele. E Emily sente falta de leite, claro.
Foi nesse momento que lembrei do que tinha comrprado. Pedi a Luciane, a moca mae de Emily, que aguardasse. Abri a porta do Santana (pela primeira vez senti vergonha do meu carro, pois com ele me sentia superior aos outros, mas agora percebia que era apenas mais uma criatura de Deus), tirei a caixa de leite, as misturas e os paes. Deixei com elas tambem, meu conjunto de louca que ganhara nos dias da mae passado.
Mas algo mais do que solidariedade mudaria em minha vida agora.
 

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