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Bem vindos e boa leitura!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

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Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 10:23 0 sugestoes
Luciane tinha doze anos quando fugiu da casa da mãe. Ela já havia se esgotado, de raiva, dor e medo, dentro daquela casa.
Sua mãe tinha oito filhos e um namorado a cada semana. Muitas vezes, a menina sofrera nas mãos deles, com uma mártir silenciosa. E a mãe, que era viciada em drogas, batia nos filhos e muitas vezes tinha de ser carregada pelas ruas, por Luciane e Marlon, seu irmão mais velho.
Foi ele que a orientou.
- Foge daqui, Lu - alertou ele, quando chegavam em casa depois da escola, falando do vício da mãe - Procura um lugar pra ficar, qualquer lugar.
Luciane suspirou.
- Ela nem vai sentir falta, né?
Ele negou meio tristonho.
- Acho que não, Lucy - falou finalmente.
E deixou que a irmã corresse. Lucy correu tanto que chegou no bairro nobre da cidade, alojando-se no terreno vazio ao lado do velho teatro municipal.
Todos os dias, depois de escurecer, um grupo de sete garotos adentravam o terreno, e ela os observava ao longe. Eram adolescentes ricos, bem vestidos e viciados em vários tipos de drogas. Luciane passou semanas os observando, percebendo e reconhecendo suas feições e os apelidando em sua cabeça, como se assistisse a um filme.
Um dia perto das dez da noite - ela cuidava a hora no relógio da igreja, em frente ao terreno onde vivia - ; o vesguinho, o caçula e o alto entraram sozinhos e a viram. Ela correu, assustada, mas o caçula a puxou pelo braço e a encarou.
- Oi, quem é você? - ele perguntou, tão amistoso que Lucy respondeu.
- Luciane - falou, sem tirar os olhos do garoto - Não quero incomodar ninguém, eu juro.
Eles assentiram, cercando a menina, os três sorrindo.
- Não vamos machucar você, sério - falou o vesguinho, sorrindo - O que é que tá fazendo aqui?
Ela hesitou, mas respondeu.
- Eu moro aqui - falou - Há algum tempo.
Eles se olharam, sorrindo maliciosamente.
- Andou se escondendo de nós, Lucy? - falou o alto.
Ela tremeu, confusa.
- Acho que sim.
O garoto alto tirou uma garrafa de trás de si, e uma sacola de salgadinhos de festa quentinhos.
- Então, acho que gostaria disso aqui, então?
Tudo o que Lucy lembra, é que comeu salgadinhos com a bebida da garrafa. Depois só se lembra de acordar pela manhã, com o garoto alto ao seu lado.
- Tá tudo bem com você? - perguntou ele.
Ela fez que sim com a cabeça, sonolenta.
Ele foi embora.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

***

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 11:55 0 sugestoes
Minha mãe não deixou que eu parasse de estudar sem necessidade. Durante os nove meses, frequentei a escola normalmente, e em férias, tive meu bebê.
Douglas nasceu saudável, e sempre ficou com minha mãe até que eu terminasse os estudos. Quando ele tinha pouco mais de um ano, e eu terminava o ensino médio, conheci Luan,  o irmão mais velho de Danilo.
Eu estava com dezesseis anos, ele vinte. Namoramos por quase um ano, e decidimos noivar em janeiro, pouco antes que eu fizesse dezessete. Ele iria formar-se em direito em breve, e minha mãe, me ajudaria pra que eu montasse minha casa.
Foi nesse mesmo mês, que tudo aconteceu. Minha mãe estava fora, trabalhara até mais tarde, e Douglas estava com um pouco de febre.
Luan ficou comigo até que eu ficasse calma.
Quando minha mãe chegou, chuvia muito, e era tarde da noite.
- Fica aí hoje - minha mãe convidou, largando o guarda-chuva imenso atrás da porta - Pode ficar, é melhor do que pegar um resfriado aí.
Luan sorriu, agradecido.
Dormimos, naquele dia, os três na mesma cama - Luan, Douglas e eu - agarradinhos.
Foi nessa noite que Lohana foi concebida.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Capítulo 13 - Dramas e bençãos

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 00:55 0 sugestoes
Pouco mais de um mês depois, eu estava sozinha no canto de um quarto escuro e coberta de lenços de papel. Meus olhos doíam de tanto chorar, e minhas pernas formigavam, sem mais aguentar aquela posição.
Li novamente a carta manchada de lágrimas. Nela, Danilo dizia que estava indo embora, que ia estudar fora do país e que sentia muito.
Minha mãe já desconfiava da gravidez. Há alguns dias eu reclamava que a menstruação não descia, e andava tonta e vomitando as tripas. Chorava muito, tava sempre braba e quase sempre faltava a escola.
O mundo tinha desabado na minha cabeça.
Era pouco mais de quatro horas da manhã, e eu estava ali desde antes das dez, quando recebera a carta.
É claro que Danilo não sabia de nada, mas acho que não faria grande diferença se soubesse. ele só tinha dezesseis anos, e o mundo pela frente.
E eu só tinha catorze anos, e um bebê a caminho.
Deixei-me adormecer ali, no chão frio do quarto, nenhuma claridade entrando pela janela.
- Ju - alguém chamou, segundos depois que eu fechei os olhos - Ju, amor, acorda!
Olhei pela fresta de visão que tinha aberto em meus olhos. Minha mãe olhava pra mim vestida pra sair e seus olhos estavam vermelhos.
- O que foi, mãe? - perguntei, agora totalmente acordada e de pé.
Minha mãe prendeu os cabelos loiros, em um rabo-de-cavalo e respirou fundo.
- Vamos ao médico, Ju - falou - Fazer uns exames e ver o que você tem.
Eu a olhei e revirei os olhos.
- Você sabe - acusei.
Ela afirmou com a cabeça, desistindo.
- Seu pai foi embora - começou - Falei com ele sobre o bebê e ele brigou comigo e foi embora.
- Eu... Sinto muito - gaguejei - Eu realmente não queria...
- Tudo bem - cortou - Vamos ver o que fazer com isso aí.
Enruguei a testa, confusa.
- O que quer dizer com isso?
 Ela me olhou como se eu fosse maluca.
- Vai querer ter uma gravidez saudável, não?
Concordei, aliviada. Por um momento achei que ela queria matar o meu bebê.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

***

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 11:07 0 sugestoes
Aquele dia, andava os meus sete minutos até a escola com Luany e Gabrielly, minhas melhores amigas. Nós éramos o que você chamaria de "populares", e tínhamos todos os garotos aos nossos pés.
Bem, aos MEUS pés, na verdade.
De dez em dez segundos, eu olhava pra trás, em busca daquele que me chamava a atenção de todos os garotos da escola.
O nome dele era Danilo Hoffman.
O garoto mais rico da cidade.
- Jusci, você tá bem? - perguntou Gabi, estranhando meu comportamento - Parece tensa.
Elas não sabiam de Danilo. Alias, ninguém sabia.
- Ele tá chamando você - afirmou Lu, surpresa.
Ela também gostava dele. Mas nós sabíamos. E tinha aquela regra idiota das meninas de não se apaixonar pelo garoto que a outra gostava.
Por esse motivo, não falei nada sobre a paixão por ele.
- Vai lá - falou Lu - Eu autorizo, é sério.
Claro, e amanhã ela não olharia mais pra mim.
Segui a passos firmes e um sorriso no rosto.
Ele pegou minha mão, carinhosamente. Há quase um mês estávamos juntos as escondidas, totalmente apaixonados, e tínhamos prometido não revelar a nossos amigos.
Mas parece que ele estava mudando as regras.
- Sei que é seu aniversário hoje - ele mantinha a pose de sempre, de mãos nos bolsos, braços esticados e olhos desviados de mim - Gostaria de ir a algum lugar comigo?
Na verdade, eu nem lembrava que era meu aniversário. Minha família não comemorava essas coisas, mas o fato é que pela minha identidade, hoje faria quinze anos.
- Eu não sei mesmo - falei - Eu saio muito tarde da escola e...
- Jusci - ele me interrompeu - Tô falando de sair comigo, agora!
Respirei fundo e pensei nas possibilidades. Faltar a aula pra sair com Danilo. Arriscado, perigoso e pavoroso até.
Por que não?!
- Aonde vamos? - perguntei com um sorriso, oferecendo levemente minha mão a ele, que a segurou e sorriu.
- Você escolhe - ele disse, enquanto caminhávamos de mãos dadas na direção contrária a escola - Por favor.
Pensei por uns minutos, antes de suspirar.
- Eu não sei - falei - Escolhe você.
Ele riu, uma risadinha meio maliciosa. Eu o olhei como quem olha um assassino a sangue frio, ele deu um sorriso zombeteiro e eu ri.
- Nunca diga isso a um homem - ele falou como se falasse a uma filha adolescente - Ele sempre vai levar pra outro lado, por mais novo que seja.
Olhei pra ele com uma careta, fingindo não ter entendido a indireta "sem-vergonha" que ele usara com uma menina "inocente" como eu.
- Tudo bem, vamos assistir um filme, então - falei, dando de ombros.
Ele soltou uma gargalhada contagiante e eu ri.
- O que foi? - perguntei.
Ele me olhou, a testa enrugada.
- Você é a pessoa mais inocente que eu já conheci.
Eu ri, mas não entendi o que ele quis dizer. Dei de ombros. Ele sorriu.
- Creio que ainda não conhece minha casa - falou - Tenho uma TV na sala grande que dá pra olhar um bom filme.
- Legal - falei, empolgada - Podemos alugar um?
Ele riu.
- Claro que podemos.
Entramos na locadora de vídeo na entrada da cidade, onde ficava o bairro nobre. Casas enormes estavam em nossa volta. A minha casa, uma de três andares cor-de-terra com o anúncio do consultório dos meus pais, ficava na esquina.
A casa dele, uma mansão branca de cinco andares, ocupava quase o quarteirão inteiro. A famosa casa do prefeito era a moradia do casal prefeito/primeira-dama, além de seus três filhos: Danilo, com dezesseis anos; Luan, dezoito e o pequeno Marcelo, de catorze. Os três estudavam na minha escola e sempre aprontavam as piores coisas - de fumar escondido a coisas bem mais sérias.
- Seja bem-vinda - falou, abrindo a porta pra mim - É o que temos pra hoje - e riu.
Entrei numa sala do tamanho de um salão de festas, com quatro sofás de três lugares e duas poltronas nos cantos, formando uma meia-lua.
- Lindo - falei, sorrindo pra ele - Vem, senta aí.
Fui colocar a fita VHS no lugar, enquanto ele buscava bolo e refrigerante na cozinha. Quando sentamos os dois no sofá, o filme começava - escolhi um romance, em que os dois principais se perdiam em uma ilha com uma menininha.
O filme era lindo.
Apoiei a cabeça no colo dele, e deixei que ele acariciasse meu cabelo loiro liso e minhas orelhas geladas.
De repente, nossos olhares se encontraram e eu sorri. Ele aproximou levemente os lábios dos meus e nos beijamos, apaixonadamente.
E em minutos, estávamos abraçados, aos amassos. E eu deixei que ele fizesse o que tanto queria.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Capitulo 12 - Um príncipe em minha vida

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 21:47 0 sugestoes
Ergui minha filha no colo, e Emily me ajudou a deitá-la no banco de trás. Fomos eu e ela, no caminho do hospital, conversando sobre coisas banais e silenciamos.
Emily fungosa, talvez pela morte da criança, talvez pela overdose do amigo, ou por ambos os motivos.
Eu do lado, preocupada, e a reflexão me levou a um passado distante.
E naveguei nos meus pensamentos.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Capitulo 10 - Grandes segredos, pequenos infartos

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 21:13 0 sugestoes
Estacionei o carro na garagem, girei a chave e suspirei. Pedi a Deus baixinho que me tirasse aquele cansaço e estresse que me corroía nas veias, sem piedade. Até quando trabalhar tanto?
Abri a porta, vi a TV ligada e pacotes de chocolates e outras bobagens jogadas na sala. Estava prestes a gritar sobre isso e a porta aberta, quando ouvi sons de alguém passando mal no banheiro. 
A porta do banheiro estava destrancada, e Lohana segurava os cabelos loiros com uma das mãos e com a outra, segurava a testa. A pele já branca estava tão pálida que parecia que eu via um fantasma na minha frente.
- O que foi, filha - pergunte, preocupada.
- Acho que foi algo que comi, mãe - gemeu Lohana com os olhos marejados.
Assenti, preocupada. Mil pensamentos passaram pela minha cabeça. Lohana. Everton. Namoro. Sexo.
Ai-meu-Deus!
- Você tá grávida! - gritei, desesperada - Depois de tudo o que te contei, tudo o que soube que passei engravidando cedo, você engravida com a mesma idade, Lohana Silva!
Lohana me olhou como se eu fosse louca, de olhos arregalados e confusos. Depois revirou os olhos.
- Não, mãe - explicou - Eu ainda sou virgem.
Não gostei do ainda.
Fiquei mais calma e mais pensamentos voaram pela minha mente estressada. Comida exagerada. Obsessão por magreza. Inveja de Emily. Vômito.
Ai, meu Deus, meu Deus!
Respirei fundo.
- Lohana - perguntei, tão baixo, que quase sussurrava, o coração batendo forte e acelerado - O que foi que você fez?
Ela me olhou como se não entendesse o que eu queria dizer?
- Do que você tá falando? - perguntou.
- Você comeu aquilo tudo pra vomitar, Lohana? - eu tremia tanto que minhas pernas pareciam bambus e uma gota de suor rolava pela minha testa.
Lohana sentou no vaso, puxou a descarga e desabou num choro sentido e desesperador. Eu desabei sentada no chão do banheiro, sentido o choro preso na garganta e as pernas mais bambas que nunca.
- Filha - gemi, com voz chorosa e trêmula - Precisava disso?
Ela sequer levantou a cabeça pra me olhar nos olhos.
- Eu não aguentava mais, mãe - ela chorava tanto que eu mal entendia o que ela falava - Ver as pessoas sempre me comparando, me criticando, me punindo - soltou um soluço - Eu tava desesperada, não sabia o que fazer, e passei a fazer isso, como se fosse possível tirar tudo que sentia dentro de mim, tirando a comida do estômago.
Suspirei tão profundamente que quase parei de respirar. Finalmente lágrimas brotaram dos meus olhos, e invadiram meu rosto como nunca. Eu não costumava chorar na frente dos meu filhos. Tentava mostrar pra eles uma mulher forte e equilibrada, pra que eles confiassem e visse segurança em mim. Finalmente percebia que todos os meus esforços pra dar tudo o que eles queriam de nada adiantou. Se eu tivesse estado ao lado dela, escutando ou dando meu ombro pra que chorasse.
Mas eu apenas trabalhava e lhe dava presentes. Me senti tão inútil que pensei que talvez fosse melhor se eu nunca os tivesse criado. Se tivesse deixado as crianças com minha mãe como ela queria, aos catorze anos. Porque eu não pude ajudar minha única filha?
Como se pra negar as minhas últimas palavras, Emily entrou correndo pelo corredor, aos prantos e parou na porta do banheiro, olhando a cena decadente em que me encontrava.
- O que aconteceu? - perguntou, depois viu Lohana e pareceu entender tudo - Ah.
Claro, então até ela já sabia.
- O que foi, Emily ? - perguntei a respeito do choro dela - Não me diga que você também...
- Não! - alertou antes que eu terminasse a frase - Minha única culpa nessa história toda é julgar antes de saber a verdade.
- O que foi então? - perguntei.
- Priscila morreu, os meninos ficaram desesperados, aos prantos, e Everton se injetou e está teve uma overdose, ele tá morrendo!
Lohana desmaiou ao meu lado. Talvez de fraqueza. Talvez de susto pela notícia. Me ergui e fiz o máximo que pude pra me tornar a mulher forte de sempre. Meus dois filhos precisavam de mim. Os dois.
- Quem é Priscila, Emy? - perguntei o mais calma que consegui com aquelas informações confusas - Explique tudo isso direito, por favor.
Enquanto ela respirava pra começar a contar a história toda, eu peguei minha filha no colo e a coloquei no sofá. Olhei seu corpo inerte, só movimentado pela respiração. Só então percebi que Lohana estava uns bons 8 quilos mais magra, e quase alcançara Emily. Todo esse sacrifício por um garoto drogado. Será, mesmo, meu Deus?
Emily sentou na poltrona, antes de começar.
- Lohana está forçando o vômito, mas acho que isso você já sabe - ela olhou a amiga e suspirou - Everton começou a injetar bomba pra se tornar o cara perfeito pra Lohana, mas acho que ele não sabia que ela fazia o mesmo por ela - apontou a garota desmaiada - Quando Douglas soube disso, não só soube que o melhor amigo sofria bullying na escola quando criança por ser gordinho, como agora sofria por ser magro demais.
Silêncio total, só pelo som das três respirações, enquanto eu ouvia a história com atenção exagerada.
- Douglas quis ajudar e não só encorajou Everton a pedir a irmã em namoro, como levou o amigo a um hospital de câncer e lá os dois conheceram diversas crianças, entre eles, a pequena Priscila.
Ela começou a chorar, e sua voz saiu tão fina que parecia uma criança.
- Priscila tinha só 4 anos, sabe, dona Jusci - ela chorava compulsivamente - Deus não precisava fazer isso com ela, era só um anjinho, só uma criança inocente!
Mordi o lábio, pensando em tudo que meu filho e Everton deviam estar passando agora.
- Eles se apegaram muito nessa menina, ela tinha leucemia e Douglas passou a doar sangue quase todos os dias, pra ela. Elas gostavam dela como uma filha ou uma irmã mais nova. Eu a conheci a uma semana e já me apaixonei tanto por ela que...
E não conseguiu terminar, tamanha a dor que sentia pela morte da criança.
Respirei fundo, com todas aquelas novas informações que eu nem notara tentei me manter forte.
- Onde eles estão agora?
Ela respirou profundamente antes de responder.
- No hospital, provavelmente - ela explicou - Estávamos na casa de Everton e os pais deles o levaram, desesperados. Douglas pediu que viesse dar a noticia a Lohana.
Assenti. Tinha muito o que entender ainda.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Capitulo 9 - Revelações

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 22:05 0 sugestoes
- Já viu? - Lohana falou a Emily - Meu horoscopo diz que vai ser um dia favorável no amor!
Emily quase ignorou.
- E quem disse isso a eles, a Fada do Dente?
As duas estavam no quarto de Lohana. Emily sentada na cadeira do computador, girando, distraída, com seu diário na mão e uma caneta na boca. Lohana deitada na cama com o jornal aberto em frente ao rosto, na página de entretenimento.
- Por que você é tão incrédula nesse sentido, se acredita tanto em Deus? - Lohana se sentou, olhando a amiga distraída em pensamentos.
- Porque posso sentir Deus - respondeu sem se mover.
Lohana parecia mais animada que nunca. Levantou-se de um salto, abriu o armário e tocou peças de roupa em cima da cama.
- Qual a melhor roupa pra conhecer os pais do seu namorado? - perguntou.
- As suas - Emily respondeu, indiferente.
Lohana balançou a cabeça, desistindo.
- Eu não sei o que meu irmão fez, mas você podia conversar comigo, Emy - implorou pela décima vez.
Emily deu de ombros.
- Não tenho obrigação de falar. Porque você não me conta o que te deixou chateada naquele dia?
A expressão de Lohana mudou.
- Eu gostaria de falar sobre isso, mas eu realmente gostaria de esquecer o que aconteceu, Emily.
Emily igorou e tirou a caneta da boca, começando a escrever como se nada tivesse acontecendo entre elas.
- EMILY - gritou Lohana, sem paciência - Se não falar a bosta do que quer que seja que aconteceu, tou tirar esse diário da sua mão e tocar fogo!
Emily suspirou, esperou e depois sorriu.
- Fale você primeiro o que anda acontecendo com você e os meninos e eu faço o que aconteceu hoje.
- Jura? - perguntou a loira com beicinho.
Emily assentiu, sentando na beirada da cadeira.
E Lohana passou a contar o que realmente acontecia, com cada um dos três, cada detalhe, com alívio, por tudo estar saindo de dentro dela.

quinta-feira, 22 de março de 2012

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Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 21:25 0 sugestoes
A frágil Emily tombou às gargalhadas com o tombo que Douglas lhe obrigara a dar. Os olhos dos dois se encontraram, brilhando e sorrisos explodindo nos rostos belos.
Douglas colocou o cacho rebelde de Emily atrás da orelha, com seu melhor sorriso torto. A garota desviou o olhar e deu impulso pra empurrar o menino de cima dela.
- Sabe que eu não ia te beijar - emburrou Douglas.
- Eu sei - sorriu Emily - Mas a gente não precisa protagonizar cena romântica, Doug.
Douglas baixou a cabeça, mexendo na grama.
- Só irmãos, sei - ele disse - Irmãos que se gostam.
Emily sorriu.
- Por enquanto, Doug.
O que ela queria era uma mudança de comportamento da parte dele.
Emily olhava as unhas cumpridas pintadas de vermelho vivo.
- Você sabe que não é certo o que está fazendo, Emy - simplificou Douglas - Você é a única de nós quatro que continua levando isso desse jeito.
Emily bufou, a irritabilidade crescendo dentro dela.
- Se Lohana aceita drogado do lado dela, sinto muito se eu prefiro ficar sozinha. - ironizou Emily de olhos fixos em Douglas.
Douglas gargalhou.
- Drogado!Que exagero ridículo, Emy! - o humor brotava dos olhos dele - Vai querer colocar ele em uma clínica agora?!
Emily não riu.
- Olha pra mim, Emy - os dedos dele tocaram seu queixo, forçando seu rosto a virar. Ela chorava. - Não precisa ficar assim, tá legal?
- Eu não entendo vocês, de verdade!Estamos falando de um assunto sério e você aí, rindo como se eu tivesse brincando. Que foi, droga melhora humor agora?
Os olhos de Douglas transmitiam o susto que as palavras agressivas de Emily diziam.
- Droga melhora o humor? - repetiu as palavras, como se tivesse ouvido mal - Do que você tá falando, Emily?
Uma ruguinha miníma se formou na testa perfeita de Emily.
- Agora eu que não entendi nada - a voz da garota voltou ao tom calmo de sempre - O dia que Lohana voltou pra casa chorando, não era droga que você tava comprando do Everton?
A expressão preocupada enrugou o rosto claro de Douglas.
- Foi isso que ela falou pra você?
Ela negou com a cabeça, claramente confusa.
- Não, claro que não. Foi só que eu...
- Imaginou? - agora a voz de Douglas vinha carregada de ironia e ódio - Você, Emily, que nunca foi a favor de rotular as pessoas, simplesmente imaginou que eu e os outros éramos drogados irresponsáveis, é isso?
Emily chorava de novo.
- Me desculpa - implorou - Eu só não via outra alternativa pra aquilo e pra isso.
Apontou os braços cheios de marcas de agulha de Douglas.
- Eu o que é que Everton quis dizer com o que Lohana tava fazendo com ela mesma?
Douglas grunhiu e levantou, forçando o corpo a ir embora, apesar da decepção.
- Eu confiava em você, Emily. Mas você realmente tá se tornando filha da minha mãe.
E ela demorou mais alguns dias pra entender o que ele quis dizer.
E eu também.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Capitulo 8 - Segredos

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 10:07 0 sugestoes
- Eu queria que você me amasse - Lohana soltou sem medo.
Ela e Everton estavam deitados no tapete verde do gramado da escola. Ela deitara a cabeça no colo dele e ele mexia com carinho nos cabelos dela.
- Porque tá dizendo isso? - a testa de Everton se enrugou com as palavras que ouviu - É claro que amo você!
Lohana baixou os olhos, meio pensativa.
- Se me amasse não ia tomar essas porcarias.
Everton bufou. Olhou pra baixo, pra cima e depois nos olhos de Lohana.
- Sabe que eu me sinto bem assim - comentou o garoto - Não estou reclamando do que você está fazendo com você mesma.
Lohana revirou os olhos.
- É diferente.
Ficaram em silêncio por poucos minutos até a voz irreconhecível vibrar.
- O que é que Lohana está fazendo contra ela mesma?]
Emily vinha com passos de bailarina, colocando a auto-estima de Lohana abaixo de zero.
- Escutando conversas agora, Emily?
Douglas abraçou as costas da irmã emprestada, que girou perfeitamente pra se livrar dele.
- É falta de educação, sabia? - terminou Douglas.
- E quem é você pra dizer isso, revoltadinho? - e riu, apertando o lado da barriga do garoto pra que sentisse cocegas - O senhor Educação - e fez pose se soldado.
Douglas tentou alcançar a barriga a mostra de Emily, e ela correu, rindo. Douglas foi atrás dela.
- Qual a chance de não ficarem juntos?
Lohana olhou o irmão e a melhor amiga brincarem.
- Quase nula, imagino - e virou-se para receber o beijo de seu Sapo Encantado.

quinta-feira, 1 de março de 2012

***

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 09:13 0 sugestoes
Quando entrou na sala, Douglas não viu uma cena que se quer ver todos os dias. O casal recém-formado deitara no sofá aos beijos e só foi interrompido pelos passos do garoto.
- Se continuarem assim, vou ter que dormir na sala - Douglas disse em tom rude.
Os dois sentaram envergonhados, e Emily entrou na sala, de olhos inchados.
Lohana saiu correndo em direção ao banheiro. Emily foi atrás.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

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Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 10:49 0 sugestoes
Douglas levara Emily a sacada da sala de estar no segundo piso. Os dois olhavam a lua com olhar de artista e o silêncio parecia dizer muita coisa.
- Eu deveria perguntar se tenho a resposta - começou o menino, cheio de cerimônias - Ou eu deveria repetir a cena da primeira vez?
Na tarde daquele dia, os quatro se encontraram, sem querer, no shopping da cidade. Conversaram, e num dado momento, enquanto comiam pipoca no banco em frente ao shopping, Everton sussurrou um pedido de namoro no ouvido de Lohana, que apenas riu.
Douglas, porém, tirou do bolso uma caneta, e no papel da pipoca escreveu: "Pena de urubu, pena de galinha, se quer namorar comigo, dê uma risadinha". Emily soltou uma gargalhada, que fez os outros rirem também.
- Eu aceitaria em outra ocasião, você sabe disso - a Emily da sacada olhava  nos olhos do irmão de criação - Mas, me desculpe Douglas, o que você fez ontem, não tem como. Você precisa parar com isso, é sério.
A expressão dele foi de assustado a decepcionado em segundos.
- Eu esperei isso da Lohana - ele balançava a cabeça de um lado a outro - Mas você, eu pensei que fosse diferente, pensei que ia entender...
- Entender? - Emily gritava agora - Quer que eu entenda o que faz, Douglas?Quer que eu aceite?Você está sendo idiota!
Douglas olhou fundo nos olhos de Emily e decepcionado virou-lhe as costas.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

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Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 11:02 0 sugestoes
O filme terminou e Lohana buscou a panela de brigadeiro, que os quatro comeram juntos no sofá da sala, enquanto falavam do filme e outros assuntos banais.
Lohana esperou que o irmão cumprisse o prometido e levasse Emily dali.
- E então, Nana - sorriu Everton, que se sentara do lado da menina loira, levemente com o tronco em direção a ela - Eu quero me desculpar pela noite anterior, porque tinha me esquecido do meu outro compromisso.
Lohana sorriu e fez a posição borboleta, comum entre as bailarinas, de frente ao garoto que gostava.
- Isso já passou - ela disse - Sobre seu pedido, eu...
As palavras foram interrompidas pelo beijo delicado nos lábios dela.
- Eu gostaria que você me deixasse fazer o pedido do jeito certo, tá bom?
Lohana balançou a cabeça, com o coração fora do compasso. Normal, mas ela não sabia se ele acelerava ou parara de vez.
Everton levantou-se, pegou a mão de Lohana com delicadeza, respirou fundo e ajoelhou-se.
- Lohana Silva - ele disse cada silaba separada, como se cada uma fosse especial - Você quer namorar comigo?
A mão da menina gelou, seus olhos brilharam e ela disse sim.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Capitulo 8 - Uma noite divertida

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 18:31 0 sugestoes
Lohana preparou uma noite inesquecível para os quatro amigos. Ela e Emily gastaram horas com brigadeiro de colher, escolha de filmes e as compras do supermercado. 
Quando Douglas chegou com Everton, as duas já estavam com a pipoca pronta. Emily levantou, usando um short jeans escuro e uma regata pink. Lohana usava calça jeans e camiseta preta de uma banda qualquer. As duas usavam tênis da mesma cor. Preto.
- Oi, meninas - sorriu timidamente Everton, com um sorriso em tom de desculpas a Lohana.
Lohana deu seu melhor sorriso. Emily se contentou com um sorriso torto.
Ligaram o DVD na comédia romântica que as meninas escolheram, elas no meio. Douglas sentara do lado de Emily e Everton do outro lado.
O filme passava enquanto a pipoca ia de mão em mão entre os quatro. 
O relógio de pulso de Everton apitou e ele levantou-se em um salto.
- Vou ao banheiro. - falou, enquanto já caminhava.
- Vou junto - afirmou Douglas, e foi atras do melhor amigo.
Emily e Lohana se olharam, e a dona da casa deu de ombros. Emily gemeu.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Capitulo 7 - Entre namoros e lágrimas

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 20:51 0 sugestoes
Eu andava preocupada com meus filhos.
Enquanto anda em alta velocidade pelas avenidas movimentadas, no caminho de casa, pensava neles.
Lohana andava rejeitando comida, talvez por querer o corpo perfeito de Emily. Não saía de dentro do quarto quase nunca. E as únicas horas que passava fora de lá, ia fazer compras e voltava cheia de sacolas.
Emily andava desatenta e tímida. Estava como sempre, rindo a todo momento, mas, as vezes, tinha uns lapsos de sair correndo pro banheiro e se trancar lá por um bom tempo.
Já Douglas, esse não parava em casa quase nunca. Continuava andando com as mesmas companhias, e parecia ter sempre um compromisso "inadiável".
Estacionei o New Beatle na garagem, bati a porta e liguei o alarme.
- Mãe - Lohana estava parada de braços cruzados na frente da porta - Douglas, Emily, Everton, e eu vamos assistir um filme hoje a noite - suspirou - E Emily e Everton vão dormir aqui, tranquilo pra você?
Enruguei a testa. Não tinha conhecimento desse novo quarteto de amizade.
- Claro, filha - se isso fosse melhorar o comportamento dos quatro - Everton no quarto de Douglas e Emily no seu, ok?
Lohana revirou os olhos.
- Claro, mãe!
Entrei no quarto, onde a cama de casal estava vazia a tanto tempo. Larguei a bolsa em cima da cama, e estava prestes a desabar no choro, quando Emily entrou.
- Não andou sumindo nada dentro de casa? - perguntou, tão calmamente que pareceu estar falando do tempo - Nem notou nada diferente nos seus filhos?
Enruguei a testa, sem entender o sentido das palavras.
- Se preocupa não, Emi - sorri - Tá tudo sobre controle.
Emily assentiu, aparentando desapontamento, mas sorrindo segundos depois.
- Lohana falou sobre o filme?
Assenti, sorrindo. Sorriso falso escondido na frente da preocupação.
- Ok - ela deu um passo pra trás, delicadamente como sempre, depois voltou - A proposito, seu filho me pediu em namoro.
O choque foi tanto que caí na cama de costas, assim que ela saiu.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Capítulo 6 - Conversa com a verdadeira melhor amiga

Contado por Juscelina Silva Naum exatamente 13:39 0 sugestoes
Tudo era muito sério pra Emily. Não se importava que Lohana tivesse agindo como se nada estivesse acontecendo. Ela não ia deixar as coisas ficarem assim.
- Mãe - disse à Luciane, quando ela entrava em casa depois do trabalho - Se uma pessoa que você gosta muito se envolver com coisas... erradas, o que você faria?
Luciane arregalou os olhos de oliva e suspirou.
- O que você fez, Emily? - e sentou-se do lado da filha, onde esta segurava as pernas, meio chorosa - Não tá gravida, não, tá?
- Mãe! - gritou Emily estampando no rosto o erro da mãe - Não fiz nada de errado, parece que não me conhece!
Luciane olhou fixamente a sua frente e depois trazia o espanto nos olhos.
- Meu Deus, é claro, Lohana!Ela ia encontrar aquele garoto que Jusci não gosta, não ia?O que foi que ela fez?
Emily revirou os olhos.
- Mãe, escuta e pára com isso, tá legal?
A mãe balançou a cabeça, meio intrigada.
- É Douglas, mãe - gemeu a menina, meio chorando agora - Eu vi ele e os meninos no terreno ao lado do teatro - a mãe enrugou a testa, ao saber onde a filha esteve - Eles estavam comprando do Everton, ontem.
- O quê, menina?
- Droga, mãe - a menina chorava agora. Não sei qual, mas era droga, tenho certeza.
Luciane suspirou, meio espantada.
- A Ju vai ficar maluca.
Emily gemeu.
- Mãe - pediu - Espere, tá bem?De principio só quero saber o que fazer.
As mãos de Luciane afagavam o cabelo cacheado e negro de Emily, com carinho. A garota encostou a cabeça aos prantos no peito da mãe.
- Tudo depende de quanto tempo ele está fazendo isso, filha.
 

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